Bichos do Pantanal

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Se por um lado, percebe-se na sociedade brasileira uma crescente preocupação com o meio ambiente e a preservação dos recursos naturais, verifica-se, por outro lado, pouco conhecimento e algum distanciamento para com o ambiente natural. Dificilmente um brasileiro consegue citar cinco nomes de pássaros ou árvores mais incidentes no bairro em que reside.

Enquanto a maioria dos brasileiros acima de 40 anos passou sua juventude em contato com a natureza, nos dias de hoje, grande parte da população vive nas cidades. Pesquisas mostram a importância dessa conexão com a natureza para a criatividade, memória e felicidade das pessoas. É para resgatar a valorização da natureza e melhorar a qualidade de vida da população que a sensibilização por meio de educação ambiental é uma das grandes frentes de atuação do Projeto Bichos do Pantanal.

Este projeto irá trabalhar com comunidades para receber um pacote de desenvolvimento que inclui programas de educação ambiental e capacitação de monitores e guias de observação de vida silvestre, que serão os líderes desta reconexão com a natureza. Pesquisas mostram a importância da conexão com a natureza para a criatividade, memória e felicidade das pessoas.

Diversos estudos têm como foco as brincadeiras de crianças. Essas brincadeiras são, especialmente, atividades com estrutura imaginativa e exploratória; esse tipo de brincadeira é conhecido como componente essencial para o desenvolvimento integral dos jovens. (Burdette e Whitaker, 2005; Ginsburg et al., 2007).

Estudos na Universidade de Illinois documentaram que crianças com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) apresentam menos sintomas e enriquecem a habilidade de foco depois de atividades como acampamento, trekking e pescaria, se comparados a estudos de desempenho escolar que consideraram o uso de internet e jogos de computador. (Faber Taylor et al., 2001; Kuo and Faber Taylor, 2004). Antropólogos, psicólogos e outros determinam que a natureza representa um papel significativo no desenvolvimento da imaginação e senso de lugar. (Manuel 2003; Louv 2005).

Comprovação científica

A ciência comprovou que a conexão com a natureza melhora nossa memória, reduz nosso stress, a incidência de violência, e pode ser um remédio para várias doenças mentais e físicas. Estima-se que pessoas com Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA), após uma hora de caminhada na mata ou parques, se beneficiam por três dias com uma capacidade de concentração maior, além de tornarem-se mais calmos.

A atitude adotada em algumas prisões americanas para adolescentes também é exemplo dos benefícios da conexão com a natureza. Foi documentado que, nessas prisões, onde violência e baixas notas escolares são comuns, os professores mudaram as salas de aula para lugares ao ar livre, que são parte das áreas da prisão. A violência diminuiu significativamente e houve um maior comprometimento escolar e melhoria das notas dos jovens.

Estudos científicos sugerem que crianças e adultos são tão beneficiados com o contato com a natureza, que a sua conservação deve ser considerada uma estratégia de “saúde pública”. Entretanto, essa não é uma ideia inovadora. Há mais de 100 anos o escritor Henry David Thoreau notou que milhares de pessoas estressadas e cansadas, com um estilo de vida muito urbanizado, perceberam que visitar montanhas e parques de natureza selvagem intocada era uma necessidade.

Em 1984, o famoso biólogo de Harvard, E.O.Wilson, introduziu o conceito de biofilia, “a filiação por natureza, emocional, dos seres humanos com outros organismos vivos”. (Wilson, 1993, pg. 31). Wilson esclareceu que os seres humanos têm um passado, no qual, viveram através da natureza, conectados com ela. E sugeriu que por isso temos a necessidade de estar em contato com a mesma. Outros propõem que esse contato também pode ser feito, simplesmente pela percepção do vento, ondas do mar e rios. (Heerwagen e Orains, 1993). Mais recentemente, os psicólogos ambientais Rachel e Stephen Kaplan têm mostrado que o contato com a natureza restaura a atenção e promove a recuperação do câncer mental. (Kaplan & Kaplan, 1989; Kaplan 1995). Eles relatam que essas qualidades trazem um grande benefício para o nosso senso de fascínio, de emergir em um “outro mundo”.

Outras evidências são constatadas com experiências em áreas de natureza intocadas, como caminhadas e acampamentos como terapias para doenças psicológicas (Eikenaes et al. 2006; Bettman, 2007), inabilidade cognitiva (developmental and cognative disabilities) (Berger, 2006), câncer (Epstein, 2004), entre outras condições (Easley et al., 1990).

Pessoas com ótima saúde também se beneficiam. Crianças de áreas urbanas apresentam melhorias de autoestima e saúde em geral depois de participar de um programa de acampamento de “colônia de férias” (Readdick and Schaller, 2005). Adultos que participam de excursões na mata reportam “um aumento no senso de ser vivo, de sentir-se bem e aumento da energia vital” e notam que a experiência os ajuda a fazer escolhas mais saudáveis de vida (Greenway, 1995).

Nas favelas no centro do Chicago/EUA, pesquisadores concluíram que a presença de árvores em volta de prédios residenciais beneficiou com redução da procrastinação, melhorou a habilidade de manejar problemas, e fez até com que as mulheres passassem a julgar os erros com atitudes menos severas (Kou, 2001). Também proporcionou maior autodisciplina para jovens (Taylor et al., 2002), redução da criminalidade (Kuo e Sullivan, 2001a), redução da violência e melhora dos relacionamentos sociais (Kuo e Sullivan, 2001b). Dois levantamentos na Holanda demonstraram que pessoas que vivem entre 1 a 3 km de distância de áreas verdes têm saúde muito melhor do que pessoas que não têm este benefício.

Pequenas iniciativas como essa, são importantes por preservar e incentivar o senso de conservação da natureza, além de garantir benefícios e aprendizados para os participantes.O Brasil precisa preservar sua biodiversidade para alcançar a melhoria da saúde dos brasileiros.